Conflitos de genero e a produção do espaço habitado
Palabras clave:
Arquitetura, Urbanismo, Perspectiva de gênero, feminismoResumen
Visto o descompasso entre a complexidade dos conflitos de gênero e a urgente demanda pela produção de uma cidade dita inclusiva, o presente trabalho consiste em um ensaio projetual que busca questionar criticamente a produção urbana e arquitetônica vigente a partir de uma perspectiva feminista. Através de uma abordagem audiovisual, apresenta o processo de projeto de uma habitação coletiva que busca explorar alternativas projetuais que reivindiquem o protagonismo da mulher na produção e apropriação dos espaços em um contexto culturalmente patriarcal, hierárquico e misógino no centro da cidade de Pelotas, localizada no extremo sul do Brasil. Tendo como objetivo estabelecer um confronto às normativas dominantes, o trabalho toma como base a obra de autoras como Denise Hayden, Diana Agrest, Jane Jacobs, Jan Gehl, Henri Lefebvre, Zaida Muxí, institutos de pesquisa como Lab Cidade e Think Olga, entre outros. O projeto em questão e a obra audiovisual dele derivado refletem sobre a incompatível e tendenciosa neutralidade observada na concepção do espaço habitado a partir de um usuário e de um programa de necessidades pretensamente universais, mas essencialmente masculinos, desenvolvendo-se a partir de três eixos: acesso à moradia, trabalho doméstico e produtivo e violência contra a mulher. Tendo como premissa atender diferentes modos de vida e configurações familiares, espaços coletivos e integrados que possibilitem uma vizinhança afetiva e cooperativa, o programa de necessidades costura os três eixos em três diferentes escalas de projeto, que vão desde o desenho urbano até o centro da residência. Entender gênero como uma categoria fundamental para compreender a sociedade deve ser uma premissa essencial na busca pela construção de espaços que subvertam as relações de hierarquia, desigualdade, violência e segregação vigentes.